Segurança?        

 




Uma apresentação para ser destruída e afinada


Segurança Humana - Disposições, Responsabilidades, Riscos, Direitos Fundamentais e Desenvolvimento

 

A reorganização neo-liberal do Estado-Nação recoloca, de forma

pós-colonial, a questão dos sentimentos de pertença social, dentro e fora da Europa, entre os cidadãos e os políticos e empresários, isto é entre os que avaliam as vantagens do contrato social face aos riscos implicados e os que apresentam e representam essas vantagens, e disso vivem.

 

A modernidade opõe ideologicamente a sua face modernista, positiva, construtiva, empreendedora, conquistadora e provocadora accionalista à sua face modernizadora, rotineira, burocrática, disciplinada e pacificadora ? normalizada.

 

As dinâmicas sociais integradores conciliam identidades (pessoais e sociais), accionalismo e normalidade, através de perspectivas de desenvolvimento actualmente reduzidas ao crescimento económico, ainda por cima dependente de outras áreas do planeta seja na sua realização de facto (como a China e a Índia) como na sua base tecnológica (países fornecedores de petróleo).

 

Os sentimentos de medo e de insegurança não podem deixar de se

manifestar perante tal situação geo-estratégica, nomeadamente através da procura de formas ritualizadas de dispersão emocional, seja através de práticas exotéricas e religiosas, seja através da procura de novas formas de manifestação política. Face ao que os populismos, nomeadamente os populismos securitários, xenófobos ou fundamentalistas,

colhem os seus frutos.

 

Tal como nos tempos clássicos do liberalismo, aos Estados acaba por se pedir muito, embora ideologicamente transfigurado em pouco: a pacificação dos povos. Os recursos disponíveis devem ser prioritariamente orientados para fins de segurança, sem o que as instituições perderão credibilidade, poder e condições de exercício.

 

Embora a história recente tenha mostrado que a solidariedade social é a mais eficaz e barata segurança, como acontece com a ideia do projecto europeu, o neo-liberalismo e as dinâmicas segregadoras desenvolvidas em torno da digitalização global da sociedade fazem o seu caminho dentro da Europa, apesar das resistências e da sua eficácia relativa.

 

Através dos mestrados ?Risco, Trauma e Sociedade? e ?Justiça e

Instituições Sociais, Gestão e Desenvolvimento?, os signatários pretendem criar condições de estudo social transdisciplinar dos estados de espírito provocados pelos eventos traumáticos quotidianos (ou extra-quotidianos) nas populações, nos profissionais que tratam traumas e nas instituições, por um lado, e a moral social institucionalmente

difundida na perspectiva de dar confiança às populações, aos profissionais e às próprias instituições da respectiva eficácia e continuidade.

 

Através da institucionalização de uma linha de investigações interdisciplinares, com base em investigações já finalizadas ou em curso nos diversos centros e departamentos do ISCTE, utilizando a plataforma institucional do Laboratório Interdisciplinar de Ciências Sociais do ISCTE, pretende-se dar visibilidade a estas preocupações, até agora dispersas por vários investigadores isolados, organizar a mútua interacção e organizar a sua internacionalização. Não se procura nenhum contrato de exclusividade dos investigadores mas, ao inverso, a recolha das contribuições mais diversas para o avanço de uma área de investigação emergente a que provisoriamente chamamos Riscos, Direitos Fundamentais e Desenvolvimento (ou Utopias?).

 

Um evento que está já em fase de preparação e que poderia servir de ancoragem imediata desta proposta de linha de investigação a concretizar é a Conferência Internacional sob o título de "Espírito de Missão" a realizar no ISCTE nos dias 1 e 2 de Junho de 2005, no âmbito dos mestrados acima citados.


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