Para uma Justiça Transformativa |
|||||||||||||||
|
Apresentação (Generation Five) English Presentation Tradução em português (sem os anexos)
Testemunho de Anneke Lucas e Liberation Prison Yoga Our story of rape and reconciliation, TED talks, 2016 Há cem anos, a virilidade era afirmada por um homem saber conter a sua esposa em casa enquanto mantinha a amante, controlando as vidas de ambas ao mesmo tempo. Para um homem, a infracção não era o adultério mas um beijo espontâneo e apaixonado em público. Hoje as mulheres têm controlo sobre as suas vidas, embora excluídas de salários iguais aos dos homens e de lugares de decisão. Há cem anos era impensável ver uma mulher com as pernas à mostra, em público, sem a desconsiderar radicalmente e para sempre. Não se vive uma era pós-discriminação. Ao contrário: começamos a tomar consciência de que as discriminações actualmente ultrapassadas foram apenas a superfície de discriminações muito mais estruturadas e profundas que agora começam a surgir aos nossos sentidos e consciências. Não porque sejam novas, mas porque estavam escondidas, porque eram os suportes, das discriminações entretanto temporariamente resolvidas. Os abusos sexuais e, sobretudo, os abusos sexuais de crianças são um bom exemplo daquilo de que vamos tomando consciência, espantados ao mesmo tempo com a perversidade humana, com a candura cúmplice da nossa boa consciência perante essa perversidade e com os encobrimentos do Estado e de entidades altamente responsáveis – como tribunais, instituições de acolhimento de pessoas em risco e religiosas, tantas vezes fortemente moralistas. As práticas modernas de encarceramento, alegadamente organizadas para acabar com as torturas mas, afinal, perpetuando-as; argumentando perseguir a justiça, mas promovendo discriminações de género e sociais escandalosamente evidentes; pensadas minuciosamente através de regulamentos detalhados, impossíveis de respeitar. Tais práticas podem ser o reverso complementar dos abusos sexuais. Todos os prisioneiros sabem ser moral carcerária penalizar com as próprias mãos os abusadores sexuais que lhes sejam presentes. Como se tivessem sido abusadores das suas mães. Ou de uma mãe colectiva que os desqualificou tanto quanto uma criança ou uma mulher das sociedades patriarcais mais radicais. A associação norte-americana “5 generations” promove, através de um texto com o mesmo título deste, uma reflexão sobre as bases de um trabalho social secular, que será preciso começar quanto antes, para transformar as condições sociais na raiz conjunta do prazer sádico de abusar de mulheres e crianças em privado e de homens em situação de sequestro público. Na raiz do silêncio social incomodado mas inerte perante tamanhas desumanidades. Apelamos à participação dos interessados no entendimento e na tradução deste texto para que se disponham a organizar grupos de leitura, tradução e debate, segundo o calendário a seguir exposto, contribuindo para a prática imediata de tarefas para estabelecer bases para o que está por fazer. Apelamos também ao cruzamento de saberes, impressões e diálogos entre os interessados, tendo em atenção que os tempos de globalização em que vivemos exigem-nos abrir os nossos sentidos a outras histórias e circunstâncias, nomeadamente as trazidas até nós por línguas anglo-saxónicas ou por línguas lusófonas, imperiais e colonizadas, na Grã-Bretanha e nos EUA, em Portugal e no Brasil, sem exclusão de outras culturas e nacionalidades, claro. |
Agenda
Texto original
Resumo e Introdução Why is Transformative Justice Necessary for
Liberation?:5-25
Principles of Transformative Justice:26-31 Developing Transformative Justice Practices:32-53 Conclusion and Next Steps:54-57 Appendix:57-76
|
|||||||||||||