14 de Janeiro de 2004  
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2004-01-14 00:00:00
Violência - Operado por perfuração do ânus com pau
VIOLADO NA CADEIA
Um recluso do Estabelecimento Prisional de Caxias acusa outros três homens de o terem violado, sodomizando-o depois com um pau de vassoura, que lhe perfurou o intestino. A vítima foi operada no Hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa, onde recupera.
Sergio Lemos
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A mãe da vítima, Maria Praça, lamenta não ter sido informada pelos serviços da cadeia de Caxias
A mãe lamenta não ter sido oficialmente informada pelos serviços do estabelecimento prisional, explicando que teve conhecimento da situação por acaso, através de dois guardas prisionais, conforme revelou ontem à SIC. A Direcção-Geral dos Serviços Prisionais limitou-se a garantir ao Correio da Manhã ter já aberto um inquérito para apurar os factos.

Maria Luísa Praça – mãe de Hélder Leonel de Oliveira, de 41 anos, doente esquizofrénico, – passou por uma longa maratona para poder encontrar o filho no Hospital de S. Francisco Xavier. Hélder estava internado no Centro do Pisão, uma instituição da Misericórdia de Cascais, já que estava em liberdade condicional depois de ter cumprido, na prisão de Caxias, metade da pena por crime de exibicionismo e atentado ao pudor.

Quando se dirigiu para visitar o filho no Centro do Pisão, Maria Luísa foi informada por enfermeiras que Hélder tinha sido levado, de novo, para a prisão de Caxias por três militares da GNR e uma assistente social. Contudo, as funcionárias do centro não souberam explicar a Maria Luísa os motivos desta mudança. A transferência ocorreu na passada segunda-feira, depois de o Tribunal ter voltado atrás na decisão da liberdade condicional. Ao dirigir-se ao Estabelecimento Prisional de Caxias, Maria Luísa nem chegou a passar a porta.

Um guarda prisional, na expressão de Maria Luísa “com um sorriso nos lábios e com ar de gozo”, disse-lhe que o filho tinha tido um problema com outros reclusos e encontrava-se no Hospital de S. Francisco Xavier. Neste estabelecimento hospitalar viu o filho deitado na cama, a soro, e vigiado por dois guardas prisionais. Maria Luísa conta o que lhe disse um dos guardas: “Passou-se uma coisa muito grave com o seu filho. Três reclusos abusaram dele e ainda lhe enfiaram um pau no ânus. Ele foi operado”.

FOI ESTUDANTE NA CASA PIA

Maria Luísa Praça vive um martírio com a situação do filho desde a sua detenção em Março de 2001. “Até hoje – contou ao CM – ninguém me soube explicar as razões que motivaram a detenção do meu filho. Apenas uma assistente social me informou que ele teria sido preso porque partiu uma caixa Multibanco na rua. Não sei se isto é verdade”. Hélder Leonel de Oliveira, segundo a mãe, “foi um aluno muito inteligente. Chegou a frequentar a Casa Pia e foi um bom estudante”. Maria Luísa adiantou ainda ao nosso jornal que o seu filho começou a ter problemas mentais ainda na escola. Aos 18 anos, prossegue a mãe, Hélder desapareceu, sabendo-se depois que tinha fugido para Paris. Com ajuda das autoridades portuguesas em França, o jovem foi localizado e conduzido para Lisboa, ao encontro da mãe.

PERIGO

MORTO À FACADA

Um recluso da cadeia de Vale de Judeus, próximo da Azambuja, foi morto à facada durante um alegado ajuste de contas entre presos, ocorrido no dia 6 de Novembro do ano passado. A rixa provocou ferimentos num outro recluso, transportado ao Hospital de Vila Franca de Xira.

PULMÃO PERFURADO

Um preso levou uma facada de um outro homem, durante uma rixa, alegadamente motivada por uma dívida. O caso aconteceu no dia 30 de Setembro do ano passado, no Estabelecimento Prisional de Alcoentre.

CHEIAS E VIOLENTAS

As prisões portuguesas são fortemente criticadas no último relatório do Parlamento Europeu sobre a situação dos direitos dos cidadãos, que data de 2002. O documento refere a sobrelotação prisional – geradora de violência – e o elevado número de mortes, o maior de toda a União Europeia.
Carlos Menezes
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Comentários

Quarta-feira, 14 Janeiro
- Anastácio Oliveira
É apenas um dos retratos das prisões em Portugal, depois vem o Gov. A 13 JAN, dia da in(justiça), dizer com sorrisos nos telejornais que confiam na justiça, no meio da corrupção, falta de segurança, de vigilância dos que são pagos pelo Estado para fechar os olhos, o banditismo, o crime organizado, o tráfego de droga as mafias, estão lá dentro e fora a colaborar com os Grandes Lóbies da Justiça, que os responsáveis a todos níveis e ligações sejam investigados e levados a Justiça.

- Sandra
Como é que é possível que na cadeia aconteça este tipo de situações? Afinal o que estão lá a fazer os guardas? A dormir talvez... Depois disto tudo,voltam a colocar o sujeito na prisão e talvez sem cuidados médicos...é uma vergonha!!! Ele é um ser humano que nessecita de todos os cuidados, como as pessoas que estão do lado de fora. Que sejam castigados os violadores...

- Aleko
O sistema prisional está em ruptura, novas prisões não adiantarão muito. Separação de presos segundo os seus crimes e condenação ao trabalho para o Estado.

- Manuel
Algo anda mal em Portugal. Era mais útil ao Pais fazer prisões novas em vez de estádios.

- MB
Dentro das cadeias portuguesas não há guardas?? Não há disciplina lá dentro? Deixam-nos fazer o que querem e continuar a praticar os crimes mais horrendos mesmo dentro da cadeia? Algo de muito grave se passa neste país com as nossas autoridades! Não consigo perceber. Anda tudo de braços cruzados??

- M. A.
Alguém pode explicar o porquê de um doente esquizofrénico ser colocado numa prisão com seres que só podem ser chamados de "bestas", que é de lá retirado e volta a ser lá colocado. Talvez se fosse uma das "bestas" a suspostamente partir um caixa multibanco estava em liberdade condicional ou teria ficado com pena suspensa.

- Barão
Não podemos condenar ninguém dentro da prisão porque os presos resolvem os seus problemas internamente - O Senhor estava preso porquê? - Caso não saibam um assassino tem mais valor que um violador

- J. Silva
Algo de muito grave se está a passar em Portugal ao nível do foro psiquiátrico.

- Ferro José
Leva-nos a equacionar o que se passa para além dos muros prisionais, onde o cidadão cumum não tem acesso. Será que os serviços internos das nossas cadeias respeitam os detidos com dignidade e existe um controlo idividual dos presos no sentido de preservar os seus direitos e o respeito mútuo dentro da comunidade prisional? Suíça.

- ana
...não há palavras...pobre mãe! E ainda ficamos "ofendidos" por uma vez mais Portugal aparecer na "boca do mundo" (leia-se: Amnistia Internacional)...

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