Greve ao trabalho para serem ouvidos, no Linhó
Março e Abril de 2012 foram meses de luta dos presos
da cadeia do Linhó. A ACED foi sendo informada do que se ia passando e
transmitindo o que lhe chegava às autoridades competentes para a supervisão
e regulação dos sistema prisional. A repressão da luta recorreu à tortura e
maus-tratos, na quinta feira de Páscoa de 2012, como forma do Estado,
através da Direcção Geral competente, impedir o exercício de direitos dos
presos, direitos esses recentemente reforçados pela Assembleia da República,
nomeadamente no que diz respeito à capacidade de apresentação de queixas.
Os antecedentes e causas da greve perdem-se no tempo
de falta de respostas a uma série de queixas sucessivamente as mesmas ao
longo do tempo, conforme se pode ler mais abaixo na lista de notícias desta
página. Mais recentemente a ACED recebeu uma
carta
de presos cujo conteúdo foi apreciado por
José Preto,
e que está na base da acção grevista de
22 de Março de
2012,
27 de Março,
29 de Março e
5 de Abril.
As acções repressivas foram sendo ameaçadas várias
vezes (1
2
3
4
5).
Criou-se uma situação em que havia a convicção - pela experiência histórica
e pela sequência de ameaças apresentadas - de que a repressão estaria a ser
preparada a uma outra escala. O tempo dados pelos grevistas para algum sinal
de apaziguamento e de que as suas queixas passariam a ser tomadas em conta
não foi usado pelas autoridades, apesar da ACED ter
chamado a atenção
para isso e se ter mesmo oferecido para cumprir o papel que se entendesse
útil. Por outro lado, não era viável, para os presos, deixarem-se envolver
pela situação de violência desregulada que se viveu imediatamente antes ao
espoletar da greve ao trabalho. Cuja possibilidade de ocorrer com tanta
disciplina entre reclusos depende precisamente de a situação contestada ser
quotidianamente insuportável e, por isso, necessária de ultrapassar a
qualquer custo.
O custo voltou a ser a inopinada mobilização estatal
da violência para mudar comportamentos, o que juridicamente é chamada
tortura. E cai na alçada criminal do Procurador-geral da República, a quem a
ACED informou do que sabia. Uma entrada do Grupo de Intervenção dos Serviços
Prisionais GISP aos tiros e com cães, fazendo recolher às celas os grevistas
à pancada e depois visitando arbitrariamente quem entendessem para os
espancamentos para o que parecem ser obedientemente treinados. Ver
entrevista
Luta contra a tortura
Uma reclusa
escreveu à ACED, em Março de 2011, queixando-se de ter sido torturada,
de o inquérito judicial não ter conseguido provar a tortura e de, na
sequência disso, ter sido ela própria, queixosa alegadamente torturada, alvo
de um processo crime para que venha a ser declarada a sua denúncia como
susceptível de condenação criminal.
Na posse desta história, contada pelo punho da
própria, a
ACED remeteu o assunto para as entidades competentes. O Ministério
Público informou-nos das suas
conclusões. Infelizmente não são de molde a esclarecer as dúvidas de se
em Portugal é possível perseguir as vítimas de tortura para evitar que
denunciem aquilo de que foram vítimas. Mais uma vez fica claro não
haver disponibilidade dos procuradores para observar a realidade para além
do formalismo, mesmo quando se trata de casos de alegada tortura.
Luta contra prepotência e arbitrariedade na
prisão do Linhó
No ano de 2009 recebemos a primeiras queixas de brutalidade e
insensibilidade protagonizadas por um chefe de guardas alegadamente com um
passado de semelhantes comportamentos noutras cadeias. Chegam notícias de
queixas de outros guardas e de funcionários, por um lado descontentes com o
novo rumo profissional e, por outro lado, eles próprios sentindo-se vítimas
potenciais das confusões. Em Janeiro de 2010 a morte de um recluso, após
sair de um castigo de 9 meses inchado, com mais 30 quilos do que os 60 com
que tinha ido, despoletou um surto de greves ao trabalho, de fome, às
actividades escolares, ao refeitório (vulgo levantamento de rancho) que dura
faz dias. A história desta luta, seguida através das informações que chegam
à ACED, pode ser lida nos ofícios acessíveis no
Observatório das Prisões
Publicação sobre alegado motim de Caxias 1996
Doze anos depois o Estado português agenda o
julgamento de um episódio das lutas dos presos pela justiça. Sobre as lutas
que então ocorreram nas prisões portugueses fez-se uma publicação de 40
páginas apresentada e difundida (por download) num site próprio.
Leia AQUI.
Contra o regime ilegal de encarceramento em Monsanto
Na prisão de Monsanto foi desactivado o
regime comum de encarceramento depois de, no fim dos anos 80, ter sido
denunciada por um advogado em artigos de jornal (hoje possibilidade
impensável) as misérias da vida nesse cárcere.
Não se sabe quem se lembrou de reanimar o
local como campo de exercício de perversidades radicais, mas foi certamente
quem não teve em conta o nome do local ou, se o teve, sofre de graves
perturbações. Estranhamente, porém, sabe-se do bom acolhimento de sucessivos
governos e podem consultar-se nos anais da comunicação social as visitas de
ministros às obras, sempre que dava jeito dar um ar de dureza.
Em Maio de 2007 foram escolhidos os
primeiros presos para serem transferidos para a nova cadeia, com um
regimento à margem da lei, mas com a cobertura política do governo, que cedo
mereceu a
denúncia dos
familiares, horrorizados e chocados com o que se estava a passar.
As primeiras greves de fome individuais,
as primeiras notícias de espancamentos, de suicídios, de violências caíram
em saco roto. Ninguém estranha, em Portugal, nem que a Lei seja uma mera
sugestão nem que os jornalistas não se interessem por assuntos que possam
pôr em causa algum mandarinato.
Eis senão quando, em Outubro de 2008, às
lutas
individuais, apesar do isolamento forçado e das tecnologias mobilizadas
para o efeito, 20 detidos (num universo de cerca de 55) decidiram entrar em
greve de fome
colectiva como forma de denunciar a
arbitrariedade do
funcionamento carcerário fora da lei.
"Previdência
cautelar"
Luta dos presos de Vale de Judeus
Pelo Natal de 2005, mais uma vez, os
detidos em Vale de Judeus procuram fazer chegar à opinião pública e às
autoridades as suas razões de queixa relativamente à política prisional e às
condições de detenção em que vivem.
Saber mais
AQUI
"Previdência
cautelar"
António Ferreira de Jesus divulgou a sua posição
sobre a vida de prisão que tem levado. A ACED dá voz a quem teme
justificadamente pela vida - disso temos, experiência directa -,
independentemente da avaliação que se possa fazer das orientações políticas
declaradas e dos argumentos usados.
Ler
AQUI o texto que
recebemos em Setembro de 2005
Campanha para libertar António Ferreira de Jesus
Amigos de António Ferreira vão estar, amanhã, dia
17 de Julho, sábado, a partir das 10 horas da manhã, em Vale de
Judeus numa VIGÍLIA DE APOIO E SOLIDARIEDADE, pelo que
convidamos os senhores jornalistas a estarem presentes.
http://libertemferreira.no.sapo.pt/
>
ler mais
Este associado da ACED desde a primeira hora
é vítima de um sistema concentracionário que se "esquece" como quem se
vinga. Uma campanha com sede em Barcelona começou a trabalhar para a sua
libertação. Participem. É participando que se aprende a viver.
>
Ler mais
Greve
de fome na cadeia de Sintra
Um grupo de presos da cadeia de
Sintra organizou uma greve de fome ou levantamento de rancho, não ficou
claro pelas informações divulgadas. O pretexto imediato foi o impedimento de
entrada de certos alimentos que se estaria a preparar, mas outros problemas
também foram alegados.
Ler notícia de
A Capital de 2005-02-16
A ACED tem
opiniões sobre a Reforma Prisional em Portugal
>
Propostas para nova
política penal
>
ler mais
> Denunciar
os riscos da privatização
>
Sugestões para
transformar as prisões
ACED apresenta comentários e contribuições sobre Reforma Prisional
O sistema prisional português não precisa de propaganda
actualizada para encobrir as vergonhas morais de que o Estado é responsável.
Precisa de uma política de moralização. A ACED enviou para a Assembleia da
República e para o Ministério da Justiça, através do Prof, Freitas do
Amaral, um texto com as suas reflexões sobre o assunto
> ler mais
A ACED pediu inquérito parlamentar à morte de Marco Santos (Agosto de 2002)
Ver
notícia sobre o assunto.
Depois de
cancelada a primeira marcação (28 Janeiro 2004) a ACED foi convocada pela
SubComissão de Justiça e Assuntos Parlamentares para dia 12 de Fevereiro, ao
meio-dia.
ACED recebida
na Assembleia da República
ACED pediu atenção para
o caso à
Sub-Comissão de Justiça e Assuntos
Prisionais da Assembleia da República.
A
ACED pediu
um inquérito parlamentar à morte de Marco
Santos no Estabelecimento Prisional de Lisboa, em Agosto de 2002
A ACED pediu, em
ofício
próprio enviado por email, aos grupos parlamentares e à comissão de Direitos,
Liberdades e Garantias, que averiguem como se pode morrer nas prisões
portuguesas.
Um membro da ACED e o
pai de Marco Santos foram acusados pelo MP, no fim do ano de 2003, pela
forma como denunciaram o facto de haver uma morte "mal contada", mais
de um ano atrás.
A ACED pediu uma
audiência ao Sr. PGR no sentido que se explica no
ofício
respectivo. A ACED produziu uma
reflexão
que procura explicar a maneira como entende o que se passa neste caso.
No dia
28
de Janeiro a ACED não se encontrou com a Sub-Comissão de Justiça e Assuntos
Prisionais na Assembleia da República. Mas dia
6
de Fevereiro teve oportunidade de explicar o caso e, por curiosidade dos
Srs. Deputados, expressar alguns dos nossos pontos de vista, em particular no
que diz respeito ao diagnóstico da situação prisional em Portugal - alguns
deles podem ser lidos neste site, nomeadamente na secção de
artigos.
Apesar de se terem
declarado adeptos do humanismo e de estarem pelo menos tão empenhados quanto a
ACED em ultrapassar a situação degradante que actualmente se vive, declararam-se
incompetentes para satisfazer o nosso pedido, tendo um Sr. Deputado admitido a
hipótese de avançar com uma ideia reformulada daquilo que fora o nosso
primeiro pedido. Na esperança de esta última posição poder fazer vencimento,
a ACED decidiu avançar com uma
INSISTÊNCIA.
Aguardamos resposta.
Presos organizam luta pela justiça
Presos preventivos do Estabelecimento Prisional
de Lisboa entregaram à ACED uma
carta
aberta manifestando a sua vontade de denunciarem a inoperância do
governo e das autoridades judiciais para porem em prática medidas capazes de
superar o estado de crise oficialmente reconhecido.
A ACED organizou a divulgação pública dessa
carta, conforme era o desejo dos seus autores, pelas razões que aduziu: Ler
mais:
Declaração da ACED
dos jornais
A luta expandiu-se a Tires, onde as mulheres
organizaram abaixo-assinados dirigidos a Freitas do Amaral e à Assembleia da
República, e também a Vale de Judeus (ler mais no
Observatório em Junho 2004)
Lutas pela justiça
A luta dos presos pela justiça é inspiradora e faz-nos
reflectir sobre a natureza humana. Em dificuldades graves, o ser humano
releva o pior e o melhor que há em si. Mais
umas notas.
ACED recebida no
Ministério da Justiça
Audiência
com Freitas do Amaral (Dez 2003)
Carta
Aberta a Freitas do Amaral sobre Reforma Prisional (Jun 2003)
Execução
de penas, justiça e regime político (Jul 2003)
Levámos
a carta a Garcia (Dez 2003)
ACED recebida pelo Procurador Geral da República
O processo de inquérito à morte na prisão de
Marco Santos foi também da responsabilidade da PGR. Nesse sentido, porque
nos parece haver graves práticas de encobrimento da verdade que passam por
algum tipo de distorcida apreciação das evidências, pedimos em Janeiro uma
audiência
de modo a explicarmos o nosso ponto de vista e a termos oportunidade de
aprofundar a compreensão que temos do ponto de vista do Procurador.
A audiência realizou-se a 26 de Maio, cf.
documento.
A ACED elaborou um
memorandum, para benefício e clareza da nossa posição oral assumida na
audiência. Esperamos que possa ter consequências no futuro.
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