Sociologia da Violência

Ramo do Mestrado de Sociologia ISCTE-IUL 

 




Avaliação - 2021 ENGLISH VERSION


Tarefas

 1. Escolher uma situação de violência a estudar (ex: abuso sexual, 25 de Abril e revoluções, desemprego, abuso de álcool e drogas, guerra civil na Síria e lutas imperiais; migração, encarceramento, desporto, etc.),

(entrega 11 Fev)

2. Encontrar uma pessoa ou duas em condições de testemunhar como elas, e pessoas próximas, viveram situações semelhantes, directa ou indirectamente.

 (entrega 25 Fevereiro)

3. Escrever e entregar um plano metodológico para recolha e produção de informação longitudinal no tempo (antes, durante e depois do episódio de violência) para identificar continuidades, rupturas, coocorrências de estados de espírito (pessoais e estruturais, quotidianos e políticos, familiares e profissionais, étnicos e nacionais, de boa vontade e de retaliação, etc.)

(entrega 1 Abr)

4. Executar o plano

5. Escrever o relatório final

 (entrega  20 Maio)


Avaliação - 2017


Tarefas de avaliação:

a) escrita de uma história que inclui o uso de um palavrão. Descrição da sua etimologia. Até dia 19 de Fevereiro

b)  a partir da definição de violência, descrever os principais fluxos de violência e de contra violência presentes na história descrita - até dia 26 de Março

c) apresentação dos protagonistasà luz da organização social misógina, elitista e dissimulada:  1) agressor(es); 2) vítima(s); 3) testemunhas e assistentes; 4) palco criado pelo meio, arquitectura, tecnologia e ambiente emocional; 5) fluxo de sintonizações entre protagonistas; 6) momentos de transformação violenta ou encaminhamento de túneis de acção violenta; 7) oportunidades de prevenção da violência - até dia 23 de Abril

e) O trabalho final (que pode ser em grupo) constará de 25000 a 50000 caracteres, um capítulo teórico (que pode ser um resumo de um capítulo de uma das obras de referência); um capítulo descritivo (caso, corpus, definição usadas de violência, protagonistas); um capítulo de crítica das potencialidades e das dificuldades da teoria de referência citada na aplicação ao caso tratado, a entregar até dia 9 de Junho de 2017


Avaliação - 2015


Caso Charlie Hebdo e discriminação

https://prezi.com/u8vjjymbmkil/discrimination-and-social-theory/

 

Análise de conteúdo das diferentes maneiras de compreender e comentar o caso dos assassinatos de Paris de 7 Janeiro de 2015 - conforme países, jornais, televisões: que ideias/concepções explicitas e implicitas foram expostas sobre violência e sociedade?

 

Tarefas de avaliação:

a) história da experiência pessoal do aluno a respeito do episódio - 3 páginas até dia 23 de Fevereiro

b)  selecção do corpus a analisar - até dia 16 de Março 

c) definições de violência encontradas no corpus - até dia 23 de Março

d) apresentação dos protagonistas:  a) agressor(es); b) vítima(s); c) testemunhas e assistentes; d) palco criado pelo meio, arquitectura, tecnologia e ambiente emocional; e) fluxo de sintonizações entre protagonistas; f) momentos de transformação violenta ou encaminhamento de túneis de acção violenta; g) oportunidades de prevenção da violência - até dia 20 de Abril

e) O trabalho final (que pode ser em grupo) constará de 25000 a 50000 caracteres, um capítulo teórico (que pode ser um resumo de um capítulo de uma das obras de referência); um capítulo descritivo (caso, corpus, definição usadas de violência, protagonistas); um capítulo de crítica das potencialidades e das dificuldades da teoria de referência citada na aplicação ao caso tratado, a entregar até dia 8 de Junho


Avaliação - 2014


 1.    Cada estudante deve escolher um episódio de violência para tratar de uma das duas formas:

a) Descrição pormenorizada e etnográfica de uma acção violenta observada, independentemente das suas causas ou efeitos a curto, médio ou longo prazo

b)      Selecção de uma referência (sociográfica ou literária) centrada na violência, resumida em palavras do estudante.

2.       Esses episódios/textos devem ser resumidos – até dia 24 de Fevereiro de 2014 – e apresentados posteriormente em slides numa intervenção de 10 minutos, para discussão na turma

Desses resumos devem constar os seguintes elementos de caracterização: a) agressor(es); b) vítima(s); c) testemunhas e assistentes; d) palco criado pelo meio, arquitectura, tecnologia e ambiente emocional; e) fluxo de sintonizações entre protagonistas; f) momentos de transformação violenta ou encaminhamento de túneis de acção violenta; g) oportunidades de prevenção da violência

3. Contribuição para a lista de segredos sociais

4.       O trabalho final (que pode ser em grupo) constará de 25000 a 50000 caracteres, um capítulo teórico (que pode ser um resumo de um capítulo de uma das obras de referência); um capítulo descritivo (texto produzido em 1. e apresentado em 2.); um capítulo de crítica das potencialidades e das dificuldades da teoria de referência citada na aplicação à descrição no caso tratado, a entregar até dia 9 de Junho de 2014


Sugestões de leituras deixadas pelos estudantes anteriores



1.        Avaliação - 2013



Ao longo do semestre, segundo calendário a acordar,  cada aluno deverá apresentar em aula as ideias principais identificadas no texto que lhe couber ler (entre os dois que escolher para fazer fichas de leitura).

Cada aluno deverá participar na identificação de factores de rigidez e de flexibilidade nos casos apresentados nas aulas; deverá também dar exemplo de pelo menos um romance ou outra obra literária ou filosófica que trata de um dos três temas da unidade curricular (informação, emoções ou violência); participar pelo menos com um exemplo de segredo social para a lista da turma; participar pelo menos com o exemplo de um caso de segredos institucionais para a lista da turma.

Cada aluno participará num trabalho de grupo centrado num dos três temas a tratar (informação, emoções ou violência) e num caso específico a observar, acordado entre os membros do grupo. Um relatório compilará as conclusões do trabalho.


"estamos com algumas dificuldades em compreender o que realmente nos é pedido para este trabalho e também gostaríamos saber com mais certeza qual a data de entrega que está prevista."
 
Tendo um tema cada grupo deve escolher um conceito (como os que são referidos aqui) e uma perspectiva (informação, emoções ou violência).
 
Os trabalhos pedidos são apresentações do conceito escolhido em função do tema (informado com dados recolhidos para um caso) e privilegiando a perspectiva pela qual optaram.
 

Se for informação podem contrastar com o segredo (social ou institucional). Se for emoções podem tomar o medo e a vergonha como referências.

No caso de escolherem a violência, podem distinguir violência social e institucional, ou violência directa e simbólica, legítima e ilegítima.

 

Data limite de entrega de trabalhos: 11 de Junho de 2013


Lista de obras recomendadas pelos alunos

"Estação das Chuvas" de José Eduardo Agualusa - por Gilson Lázaro

Sinopse: " Estação das Chuvas" de Agualusa tem como mote a trajectória de vida de uma mulher nacionalista e intelectual angolana, cujo desempenho político esteve na base da fundação do MPLA, mas que, em virtude do seu infausto destino político, viria tornar-se numa espécie de heroína anónima do moderno nacionalismo angolano. A obra recupera pouco mais de meio século: da emergência do moderno movimento nacionalista nos princípios da década de 50 ao reinício da longa e sangrenta guerra civil em 1992, tendo como clímax as repressões violentas levadas a cabo pela polícia política durante e depois da tentativa de Golpe de Estado de  de 27 de maio de 1977.  Este é tido como um momento chave da narrativa de Agualusa que funciona como re-construtora de significados da histórica mais recente de Angola".

Do realizador Quentin Tarantino - Django Unchained. Creio que este filme retrata, de uma forma claramente satírica, a opressão e violência racial que era levada a cabo pelo homem branco sobre o homem negro. Trata-se neste sentido de uma análise multi angular das relações de desigualdade existentes entre os mesmos, evidenciando algumas das implicações da escravatura - por Seraphina Cichowsky

O livro Violência na Família, Uma Abordagem Sociológica da autora Isabel Dias, mostra-nos o carácter paradoxal existente já na família tradicional estendendo-se pela família moderna, lugar de intimidade e simultaneamente de dependência e conflitos. É interessante verificar sobre um olhar qualitativo as representações e práticas de violência doméstica. Tenta-se aqui depreender a contradição entre "Por que se faz" e "O que se pensa" sobre a violência no casal, as reacções de agressor e vítima, das próprias crianças que na sua socialização convivem neste meio com a assimilação destes comportamentos. Por fim, as razões que as levam a não abandonarem estes homens. Esta investigação é conseguida através de narrativas de vida que transparecem o que é vivido na intimidade de um lar sendo transversal à violência no casal, crianças e idosos - por Ana Pereira

 

A obra que selecionei para a lista, porque penso retratar bem um tipo de violência contra as mulheres visível e sabida mas ao mesmo tempo encoberta em muitos casos, foi a seguinte: 
Queimada Viva - Souad
Sinopse: "Quando o amor antes do casamento é sinónimo de morte.
Souad tinha dezassete anos e estava apaixonada. Na sua aldeia da Cisjordânia, como em tantas outras, o amor antes do casamento era sinónimo de morte. Tendo ficado grávida, um cunhado é encarregado de executar a sentença: regá-la com gasolina e chegar-lhe fogo. Terrivelmente queimada, Souad sobrevive por milagre. No hospital, para onde a levam e onde se recusam a tratá-la, a própria mãe tenta assassiná-la.
Hoje, muitos anos depois, Souad decide falar em nome das mulheres que, por motivos idênticos aos seus, ainda arriscam a vida. Para o fazer, para contar ao mundo a barbaridade desta prática, ela corre diariamente sérios perigos, uma vez que o “atentado” à honra da sua família é um “crime” que ainda não prescreveu.
Um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres." por Joana Silva

 

 

Filme: “A Cidade de Deus” do realizador Fernando Meirelles

"Existem vários tipos de episódios e situações que retratam a violência. A violência não se resume somente a episódios de violência conjugal e a violência para com os familiares, ou seja, não se resume somente à violência física. Ao visualizar-se este filme, reconhece-se uma dada realidade que transcende a tela cinematográfica. Revela como surgiram as favelas e toda a rede de controlo que existe nesses “mundos” à parte. Todos os moradores são controlados por um grupo de jovens cuja liderança é de dois amigos de infância. Controlam quem reside na favela, quem entra e quem sai. Traça a evolução da violência e do tráfico de drogas e, consequentemente produz atitudes e comportamentos preconceituosos aos residentes nas favelas." por Marta Martins

O filme, “Hotel Ruanda”, enquanto um retrato do Genocídio que ocorreu no Ruanda em1994.

Se por um lado, a violência é retratada, as emoções também o são, designadamente o sentimento de repugnância, mas também o de solidariedade.

Em pouco mais de 3 meses, quase 1 milhão de pessoas perderam a vida. Este genocídio aconteceu sem grande preocupação da comunidade internacional. A intervenção foi mínima, pelo que se assim não fosse, muito provavelmente este massacre teria sido automaticamente travado. Esta questão talvez nos remeta para o conceito de informação, uma vez que no decorrer do genocídio, foram poucas as informações transmitidas pelos meios de comunicação e as que foram correspondiam pouco à realidade. Com este bloqueio de informação, a maioria das pessoas não teve consciência do genocídio que estava a decorrer, por Catarina Teixeira

O livro e filme “Desert flower” retrata de uma forma “leve” uma história de vida bastante “pesada”, a vida de Waris Dirie. Esta obra aborda vários tipo de violência, em destaque encontra-se a mutilação genital feminina, praticada em muitos países africanos. Aos 3 anos de idade Daris foi mutilada genitalmente, após sobreviver a esta mutilação praticada sem quaisquer cuidados médicos, aos 12 anos foi vendida a um homem para casar, perante este futuro destino, fugiu sozinha pelos desertos somalis sobrevivendo a situações extremas de fome, sede e ferimentos. Ao longo da sua luta para alcançar uma vida diferente da que teria no seu país, esteve sujeita a uma tentativa de violação sexual, foi sem abrigo e sofreu de discriminação pela sua condição de excisada. No entanto, felizmente esta é uma história que tem um desfecho bem diferente da maioria das mulheres que sofre deste tipo de violência. Waris Daris consegue construir uma vida diferente da que lhe estava destinada, em Londres, torna-se uma modelo reconhecida e actualmente é embaixadora da ONU na luta contra a erradicação desta prática, por Rita Damásio

A obra  "Medo Social" do Professor Fernando Nogueira Dias.

O autor associa o medo social à figura mitológica grega, associada ao terror e ao pânico – (pan - uma faúlha de identidade num vazio sem significado (Paul Newman). Sensação de desconforto, incorporada no aqui e agora e de forma cumulativa. Este livro tem o objectivo de levar o individuo à compreensão desse medo. Este processo adquire uma dialéctica de dominados e dominantes em que o vigilante absorve a estrutura latente dos dominados submetendo as suas condutas e objectivos.

Esta obra relata o constrangimento pelo qual os indivíduos têm vivido. A violência é sentida através da sensação de medo social "sentimento difuso mas sempre presente nas formas de pensar, de sentir e de agir e se expressa na acção com os outros (Dias, 2010). O medo como força mobilizadora, mostra que esta emoção serve de catalisador nas interacções humanas que por sua vez age em conformidade com o sentido e grau de intensidade, estabelecido pela vontade do individuo e seus condicionantes. O autor descreve o processo do medo social como produto, que é usado por quem dele beneficia servindo-se como instrumento privilegiado de poder e violência. O individuo fica vulnerável, inseguro e submisso perdendo a identidade pessoal e social. por Joana Mota (nº54744)

Livro: Dostoiévski, Findor. Recordações da Casa dos Mortos, Tradução de José Geraldo Vieira – São Paulo: Martin Claret, 2006.

O livro narra a vida de Alieksandr Pietróvitch condenado a cumprir pena em um presidio longínquo o e gelado na Sibéria. Considero uma abra interessante por retractar o cotidiano prisional abordando o que está por detrás da mera aparência e do estigma em relação aos sentimentos dos indivíduos condenados a cumprir a pena prisão.

Dostoiévski, nesta obra refere as emoções, as motivações dos presos, compartilhando sentimentos comuns, um lamento, um questionamento dos que estão sobre o regime do cárcere. Relatando o dia-a-dia da prisão e a multiplicidade de indivíduos com personalidades distintas que ali se encontram, procura demonstrar o que esta para além dos juízos de valor que muitas vezes fazemos apressadamente, sem dar condições de ouvir a voz do outro, ou de perceber que este outro também compartilha connosco sentimentos comuns.

Ao chamar a prisão de casa dos mortos o autor a qualifica enquanto um lugar onde estão as pessoas consideradas mortas e enterradas socialmente, identifica a prisão como um sistema que pune duas vezes: através da norma legal jurídica, e também por “leis internas” desenvolvidas por detentos e directores do cárcere. Fazendo emergir questionamentos sobre o real propósito da pena prisão, para que serve? Qual a sua real função e finalidade? por Marta Souza

Filme: Salve Geral, dirigido por Sérgio Rezende,2009.

A história do filme passa-se no Brasil acerca dos acontecimentos que envolvem a violência do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo no ano de 2006.A personagem principal é Vera uma mulher simples, advogada que não exerce a profissão, classe média, viúva e que esta passando por problemas financeiros. De uma hora para outra vê sua vida mudar devido a prisão de seu filho Rafael. Para liberta-lo da prisão alia-se a integrantes do PCC. por Marta Souza

"Sem piedade! A luta de uma mãe contra a moderna escravatura" Miriam Ali e Jana Wain, por Elisabete Martins
 
Um livro que retrata a desubjetivação, o utilitarismo e uma realidade em que o ser humano não é reconhecido como sendo uma pessoa autónoma, individual. É o atormento total de alguém a quem se tenta retirar por completo a essência do sujeito.

 

HIRIGOYEN,Marie-France, (1999) Assédio Coacção violência no Quotidiano.1ª ed. Lisboa: Pergaminho, por Ana Costa

“Um individuo pode conseguir demolir um outro por um processo de assédio moral. Chega mesmo a acontecer que o assédio termina num verdadeiro assassínio psíquico. Já todos nós testemunhamos ataques perversos a um nível ou a outro  , quer seja no casal, nas famílias, nas empresas , ou então na vida politica ou social . No entanto, a nossa sociedade mostra-se cega perante esta forma de violência indirecta. Sob pretexto de tolerância, tornamo-nos condescendentes.” (:7)

 

O Coração das Trevas de Joseph Conrad

Este de livro de Conrad conta a história de Charles Marlow, capitão de um navio de transporte de marfim ao serviço do rei Leopoldo II na então propriedade territorial deste: o Congo belga.

É um livro de aventura e ao mesmo tempo um retrato muito directo de uma realidade que se constituía à custa da exploração primitiva europeia em África e da avareza sórdida que movia aqueles que se embrenhavam num mundo desconhecido em busca de riquezas.

Um desses homens é o capitão Kurtz, um dos mais prestigiados trabalhadores da companhia e fornecedores de marfim que se tinha embrenhado tanto nas densas florestas que perdeu contacto com a humanidade. O facto de continuar a enviar o marfim era o único sinal da sua ainda existência.

Marlow é por isso encarregado de ir resgatar Kurtz o que implica uma subida fantasmagórica do rio Congo em direcção ao medonho desconhecido, bem como para dentro do coração das trevas. Quando finalmente se dá o encontro, Marlow percebe o mundo de Kurtz é feito de insaciável avareza e de uma violência insana que lhe conferia uma mística de ser superior entre os nativos.

Ali, longe “da civilização”, no meio da enorme floresta, entre nativos incompreensíveis, era como se Kurtz vivesse o alter-ego do homem moderno, como se perdido para os espíritos selvagens, tornava-se o simulacro do que o isolamento fazia de um homem; por Cláudio Tomás

 

Lista de Schindler,
O filme retrata o genocídio de uma raça, e no meio desse genocídio o respeito de alguns pela humanidade, independentemente da raça e etnia. Apesar de alguns judeus no filme terem sido salvos, a realidade e que, na minha opinião o nazismo foi, até hoje, o maior atentado a espécie humana, e exemplifica como é possível exercer todos os tipos de violência sobre os mais fracos e os mais marginalizados, por Filipe