Guzara

Apesar de parcialmente arruinado, o castelo de Guzara é ainda uma estrutura imponente. Foi construído no topo de uma colina de grande valor estratégico, a 5 Km para sul da pequena cidade de Enfraze, no distrito de Gondar-Zuriá, não muito longe da margem nordeste do Lago Tana. Medindo 18m por 12m, situa-se ao centro do que foi em tempos uma importante estrutura murada. A construção é frequentemente atribuída ao rei Sarsa Dengêle, por volta de 1570 (Monti della Corte, I Castelli di Gondar, 1938, pp. 105-108). No entanto, o Padre Pedro Páez, na sua História da Etiópia, escrita entre 1613 e 1622, não faz qualquer referência à existência de estruturas edificadas em pedra, ao descrever o local, que era então um campo real usado por Suseniôs. Mais provavelmente, o presente edifício, muito semelhante aos primitivos castelos de Gondar (de planta rectangular, com quatro torreões de suporte com os topos abobadados, e com janelas e portas em arco), foi construído sobre uma anterior estrutura defensiva não permanente e data do reinado de Suzeniôs ou de seu filho Fasiladas, na primeira metade do século XVII.
Não há quaisquer referências ao nome de “Guzara” na extensa documentação jesuíta, que indica antes que o lugar se designaria como “Coga” ou como “Nova Gubaé”.
O edifício foi recentemente sujeito a intensas obras de restauro pelas autoridades etíopes, com o apoio financeiro do governo americano.

Igreja de Mertula Mariame (Gôdjame)
Palácio e igreja de Gorgora Nova
Palácio e catedral de Dancaze
Castelos de Âzâzô e Gondar
Ponte de Tisse Abbai

Debsane (Enfraze)

O pequeno complexo amuralhado de Debra Sane, ou Debsane, tem como núcleo um edif´ício de carácter residencial que vem descrito nos documentos missionários seiscentistas como sendo a casa do Patriarca Afonso Mendes (“casa do (Católico) Patriarca Afonso Mendes”), hoje parcialmente arruinada. Situa-se no cimo de uma colina 2 Km a norte do castelo real de Guzara, no distrito de Enfraze.
As ruínas de Debsane têm um especial interesse arqueológico para a compreensão da dinâmica da primitiva presença jesuíta na Etiópia e da evolução estilística e tecnológica da influência da arquitectura ocidental naquele país.
O edifício de 24m por 6-8m parece ter sido construído em pelo menos três fases distintas, nas quais se utilizaram diferentes estratégias de construção. Os arranques das portas e janelas são um verdadeiro catálogo construtivo, evidenciando diferntes fórmulas nos arcos de descarga, nos línteis, chegando a reconhecer-se em duas janelas arcos abobadados em tijolo - uma técnica que não se encontra em nenhum outro edifício contemporâneo etíope. Como em outros conjuntos arquitectónicos do mesmo período, foi construída uma cisterna enterrada adjacente à residência, cujos restos permanecem ainda perfeitamente visíveis.
O edifício tornou-se a residência do patriarca católico em 1626 e foi aqui que se organizou a tentativa de reforma latina da Igreja etíope. A correspondência coeva jesuíta refere a existência, neste local, de um importante estúdio de pintura religiosa.

Igreja de Mertula Mariame (Gôdjame)
Palácio e igreja de Gorgora Nova
Palácio e catedral de Dancaze
Castelos de Âzâzô e Gondar
Ponte de Tisse Abbai

Planta da "casa do patriarca"