Escola Para Além das Ciências Sociais

"É precisamente porque essa nova impotência é tão profundamente vivida,

só dificilmente se exprime" Ivan Illich

 

 




Encontros na Universidade


À PROCURA DA OPOSIÇÃO AO STATUS QUO


A crítica da crítica (APDores, 2018)

 

As ciências sociais derivam da esperança liberal (Adam Smith) e intelectual (Comte), pujante no século XIX (Eça de Queiroz), de incluir o pensamento burguês nos salões aristocráticos.

 

Uma parte do terceiro estado excluído desta aliança aristocrática-burguesa emergiu, também durante o século XIX, para reclamar direitos revolucionários (Marx). A democracia popular ou operária-camponesa continou a excluir não apenas os povos colonizados mas também os desadaptados das sociedades industriais, incluindo mulheres, crianças, velhos, doentes e outras pessoas.

 

A social-democracia, no pós-guerra, protegida pela Guerra Fria, foi a história de sucesso que o império precisava para combater os movimentos anti-imperialistas (movimentos de libertação, reduzido depois ao movimento dos não alinhados) e o exemplo para os encaminhar para imitarem a organização do estado-nação.

 

Com a integração do movimento operário e do movimento anti-imperialista no movimento de regulação social por via estatal, aboliu-se as bases materiais (existenciais) da existência de oposições (Marcuse).

 

A oposição passou a ser uma posição temporária ocupada por membros da elite encarregues de representar o descontentamento, na perspectiva de trocar de posição segundo caléndários preformatados, simulando a existência de oportunidades de liberdade e igualdade para os cidadãos - criando uma tensão solidária entre governados e governantes, de modo a secundarizar os excluídos locais e globais.

 

As ciências sociais, à semelhança do estado social, integram todos os assuntos e todas as opiniões, desde que sejam excluídos os assuntos deprimentes e apresentados sem a suficiente cortesia e as opiniões irracionais, descabidas, inúteis, sem suporte em ideologias políticas reconhecidas a quem se possam oferecer como instrumentos e através das quais possam ser (in)validadas.

 

As ciências sociais do pós-guerra tornaram-se um espaço de debates sobre como (ajudar a) resolver problemas sociais, sem nenhuma perspectiva de longo prazo ou de retrospectiva histórica. A teoria crítica perdeu de vista a humanidade (eco-biológica) e a dualidade das normas (para as elites e para os sacrificados).

 

Ir além das ciências sociais terá necessariamente por base social alguma experiência histórica e normativa da perversidade das actuais intervenções dos profissionais do social, nas escolas, nos hospitais, nos bairros, nas associações, nos tribunais, com vista à denúncia das suas práticas. Nomeadamente, das injustiças quotidianas que não são propositadamente identificadas, como se fossem inelutáveis, como a tortura, a miséria, os abusos, o autoritarismo, o patriarcalismo, o racismo, a escravatura e tantos outros.

 

A nossa primeira tarefa para procurar espaço de oposição é exactamente esse: denunciar a nós próprios o modo como nós, apoiados nas ciências sociais, licenciados e cidadãos avulso, censuramos, não fazemos, a denúncia das injustiças. A crítica da crítica é, afinal, uma auto-crítica: porque acreditamos, contra todas as evidências, que o estado toma conta de nós? Que o estado somos todos nós, como se diz?

 

Parece haver dois tipos de descontentes entre nós, os que vivemos bem, para além dos povos indigenas, das vítimas de abusos e de mudanças climáticas, das guerras. os jovens autodidactas que abraçam as actividades cientificas e culturais por vocação, os profissionais melhor informados e transnacionais que sabem das incoerências entre os modos de vida nacionais. Podem esses grupos substituir a força política da comunidade de comunidades operário e camponesas? 


SUMÁRIO

TROCA DE EMAILS

CONTRIBUIÇÃO FILOSÓFICA (Lumen naturae v. Lumen naturale)

PRÉ SUMÁRIO PARA PREPARAR SESSÃO 2

CASO a respeito de prisões: convite e reacção à resposta 


Casa Comum da Humanidade (UP) propõe modelo de gestão comum para proteção do planeta

Não conheço o conteúdo da proposta de governação, a não ser aquilo que vem nos jornais. O mérito é ligar as ciência sociais à biologia/geologia e ao direito. O problema é tomar as ciências sociais como ciências.

Parece-me que, independentemente dos méritos que tem, a iniciativa sofre de um problema crucial: não entender que são os estados quem não pode deixar de promover o crescimento económico, por razões corporativas e de poder.

Apelar, mesmo através de ONU, como já o fez Guterres, seguindo o Papa, contra a destruição da estabilidade das condições ambientais já não serve (pois as alterações são já irreversíveis): o que é urgente é capacitar o maior número de sociedades humanas a gerirem conscienciosa e autonomamente os recursos acessíveis, para que a catástrofe não se venha a realizar. As catástrofes dependem do meio ambiente, mas também da preparação e respostas das sociedades (des)organizadas. Organizar as sociedades a partir da desorganização actual só será possível quando e se os estados deixarem da fazer a guerra e substituírem as suas forças armadas por redes de protecção civil, articulada com controlos locais da vida das pessoas.


 

  8 Out - O fundamental - a interpretação

15 Out - A teoria - o império

22 Out - A inspiração - a permacultura

29 Out - A ideologia - a igualdade

 

Programa em rede


   
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