Escola Para Além das Ciências Sociais  

 

 




Encontros na Universidade


À PROCURA DA OPOSIÇÃO AO STATUS QUO


A permacultura e decrescimento (APDores, 2018)

 

A relação da humanidade com a natureza, tal como as relações sexualizadas e étnicas entre pessoas, tornaram-se alvo privilegiado de conotações intencionadas, isto é, justificações para construir e manipular privilégios (como a propriedade real, plena, real state).

 

O estado tem um papel central como instrumento de engenharia social para explorar a natureza e, também, como forma de representação dos interesses envolvidos nessa exploração. A permacultura é uma forma alternativa de pensar a relação com a natureza, como design feito por medida e sob controlo das populações, e o decrescimento é-lhe complementar por se constituir em alternativa à organização elitista: todos e cada um, conforme as suas necessidades, tem a obrigação de dar à sua vida um sentido compatível com a harmonisação das relações humanas com a natureza.

 

O desapego emocional das culturas dominantes relativamente à natureza (e às relações sexualizadas e às etnias) é condição de abuso da natureza (e das pessoas). Tal desapego, porém, nunca está feito: é preciso estar permanentemente a refazê-lo, pois espontanemanente as pessoas apegam-se ao meio, incluindo as outras pessoas com quem convivem e, também, ao meio ambiente e tecnológico.

 

A especialização autoritária das interpretações na base da construção hierárquica funcional (no curto prazo) suporta o império (a ameaça sedutora de uma identidade social pré-fabricada, sem riscos nem esforço), a longo prazo. A luta ideológica é, por isso, central na construção (manutenção) do império, base material (social) da exploração da natureza e dos recursos humanos.

 

A permacultura é uma filosofia que já provou ser possível, através de métodos de design, ao mesmo tempo, aumentar a rentabilidade da produção agrícola, a qualidade dos produtos e a resiliência do meio ambiente à evolução naturalmente entrópica da Terra. À custa de trabalho amoroso, detalhado, dedicado das pessoas relativamente à natureza (e à humanidade).

 

Por oposição, os estados nação globalizados, em vez de encontrarem os meios de unificar a humanidade, debatem-se com a falência financeira e com a necessidade de recuarem para os velhos nacionalismos (mais ou menos sociais) como modos de manter subordinados aos seus ditames os povos que se têm sacrificado para obter os desígnios imperiais (o crescimento que sanaria todos os problemas) impossíveis de perspectivar com alguma credibilidade.

 

As populações urbanizadas, vivendo em submissão à lógica do império, especializadas e incomunicáveis entre si, a não ser por intermédio dos estados ao serviço das elites.

 

A permacultura, design de redes de vida integral e integrada, para aumentar a densificação das relações entre a natureza, as pessoas e as sociedades, é uma perspectiva de trabalho útil para escapar à subordinação ao império. O que requer capaciade de pensar futuros imaginativos.


1 Out - Apresentação - a crítica da crítica

  8 Out - O fundamental - a interpretação

15 Out - A teoria - o império

 

29 Out - A ideologia - a igualdade

 

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